As I See It – J. Paul Getty
Esta é a autobiografia de Jean Paul Getty, que foi considerado na década de 1960 o homem mais rico do mundo. Me tornei fã dele desde que li How to Be Rich, o livro que ele escreveu dando dicas como se tornar rico. Esta autobiografia foi escrita pouco meses antes de sua morte, aos 83 anos de idade. Comprei pelo título, pensando que iria aprender ainda mais sobre a maneira de pensar de um bilionário, como se fosse uma continuação do How To Be Rich. Ledo engano.
A parte que mais me interessava, onde ele conta os detalhes de como construiu seu império, é repetição do que ele já havia falado em How To Be Rich.
Pensei, então, que ele iria contar todos os detalhes de sua intimidade. Que nada! Ele passa o tempo todo tirando onda de como ele conhecia gente “importante” do mundo. Um Donald Trump, só que com muito mais classe (outro nível de classe, por sinal).
Os detalhes do fracasso (como ele mesmo diz) de sua vida privada ficam nas entrelinhas. Ele foi casado 5 vezes, na maioria deles com o mesmo modus operandi. Conhecia uma garota 20 anos mais nova, se casava, três meses depois estava casado e depois não entendia porque o casamento não dava certo. Nada contra casar tão rápido ou casar com alguém mais novo. Mas fazer isso cinco vezes e continuar não entendendo o que está errado?
Esta autobiografia é uma tentativa de Getty de tentar justificar toda a má publicidade que teve por conta de vários casos, como o sequestro do neto (em que ele se recusou a pagar o resgate e os bandidos arrancaram uma das orelhas do garoto), a morte de seu filho George (que trabalhava ativamente na Getty Oil como vice-presidente) que misturou pílulas para dormir com álcool (especula-se se teria sido suicídio ou não) e a morte por overdose de sua nora. E de mostrar como ele era verdadeiro patrono das artes (isso é realmente verdade e no livro ele explica todos os detalhes dos dois magníficos museus que ele construiu do seu próprio bolso em Los Angeles, e explica também os detalhes de como ele montou um instituto para financiar os museus mesmo após a sua morte, ao contrário de muitos “mecenas” que na verdade passam para o Estado o custo da manutenção do museu e/ou das obras).
Mas nessas justificativas surgem coisas engraçadas, como a verdadeira história do orelhão que, diziam, ele mandou instalar em sua casa para que seus convidados não usassem seu telefone. Na realidade, fica claro lendo o texto, ele morava em um palácio na Inglaterra chamado Sutton Place. Por ser um local aberto à visitação pública, muita gente estava usando os telefones do palácio para fazer ligações. Então ele (no livro ele esquiva-se dizendo que foi a administração de Sutton Place) decidiu colocar cadeado em todos os telefones e um orelhão para quem quisesse ligar, usar. Mas não era para que os convidados das festas usassem o orelhão em vez dos telefones da casa, era para que os entregadores e outros serviçais não abusassem.
E também exemplos das esdrúxulas cartas que ele recebia de gente pedindo dinheiro ou propondo casamento.
Apesar de ter um capítulo particularmente interessante (capítulo 26) que explica como funciona a OPEP e o comércio internacional de petróleo (afinal, ele era dono de uma empresa petrolífera, a Getty Oil, que em 1981 foi comprada pela Texaco), o livro só é recomendado para quem realmente estiver estudando a vida de Jean Paul Getty, e mesmo assim só vai ficar apenas com um gostinho muito de leve na boca. O livro, assim como deve ter sido sua vida pessoal em particular com suas esposas, é muito superficial.
Ou seja, não recomendo. Leia How to be Rich que é muito melhor.
Conclusão Final: Não Recomendado
Ficha Técnica
Título: As I See It
Autor: J. Paul Getty
Número de Páginas: 400
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